MV Agusta Rivale 800 – Impressões


Agora com o anúncio de que a MV Agusta Rivale 800 será comercializada no Brasil, já em maio/14, resolvi pesquisar mais sobre a moto. Afinal, o que é essa moto?

Bom, para atender a todos que gostam de classificações e sei que virão “pérolas” de tudo que é jeito e por tudo que é lado, essa moto é uma Supermoto ou Supermotard, se você está habituado com palavras européias ou é uma Fun Bike, uma moto divertida, se quer seguir o conceito americano. Em resumo, é uma resposta que a MV Agusta deu a Ducati quando da apresentação do conceito Hypermotard, há alguns anos.

Mv-Agusta-e-Ducati-1024x377

Mas esse conceito, não foi desenvolvido pela Ducati, foi desenvolvido pela Yamaha em 1989, quando resolveu pegar sua Best Seller XT 600 R, e fazer um motor mais linear e sabendo que apenas 1 cilindro torna o motor muito bruto, resolve partir para um de 2 cilindros. E para ser bem linear mesmo, eles devem ser gêmeos, ou seja, subir e descer juntos, lembram-se da CB400???.

Então, mas para ser tão linear, ele não causaria efeito de diversão, então, o virabrequim foi deslocado para 270º e assim ele se tornaria linear e explosivo ao mesmo tempo. Surge ai o motor da XTZ, TRZ, TDM.

Yamaha XTZ 750 Super Tenere-1995

A TDM 850 1992

1992Yamaha_TDM-850

Desse conceito, vieram muitas outras motos que vemos até hoje.

Mas o assunto não é Yamaha, vamos voltar a Rivale.

A MV estava desenvolvendo um novo motor com base no motor de 4 cilindros e resolveu que se tirasse um dos cilindros, ele ficaria mais estreito a ponto de usar em uma moto com outras vocações. Então, sai desse conceito, 3 motos, a Brutale 675/800, a F3 675/800 e uma terceira, a Rivale, que não terá versão 675, por enquanto.

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Os desenhos surgiam que deveria ser algo como a foto acima, em que é visto como sendo uma moto quase trail, quase adventure tour, quase naked, mas na verdade, o projeto final caminhou para algo mais……digamos…….diferente.

Quando foi apresentada em 2012, ganhou premio de moto mais bonita, e passou a ser objeto de comentários no meio e se seria um conceito ou seria produzida, e a imaginação correu solta pelos padocks.

Em 2013, confirmou-se como moto a ser produzida e com isso as conversas vão para: “Será que é boa?”, “Ela será como o que?” e agora nesta semana, ela foi submetida a testes. As impressões sobre a moto são minhas, somente de olhar e observar, mas as que passarei ao final do post é de uma revista holandesa Testmotor (www.testmotor.nl)  que foi a primeira a avaliar a moto na versão comercial definitiva.

E como seria andar nessa moto?

Só de olhar já vemos algumas coisas que transmitem as sensações de uso dela.

Se observarem a Ducati, e comparar com a Rivale, verão que a base do motor é fixada mais adiante e que o garfo é mais curvado para dentro, rake ou caster, e com isso, se percebe maior peso na dianteira comparando uma a outra. Ainda observando, vê-se que senta-se bem alto na moto e bem avançado, e isso deve dar a impressão de se andar em uma Yamaha MT-03 ou uma Buell XB-9, onde a impressão é que não há frente na moto.

2014-mv-agusta-rivale-800-29

A outra impressão de observar é que o centro de gravidade dela é alto, logo, deve ser ruim de mudanças rápidas de direção e que o guidão fica baixo e perto de seu corpo, e isso traz uma sensação de insegurança para trás. E ainda, vemos que a roda é meio que deslocada para trás, para ajudar a moto em acelerações e será amada pelos “andam reto”.

Bom e quanto a moto?

Como toda MV Agusta, é uma obra de arte, não somente no sentido de engenharia, mas muito mais no sentido estético mesmo. Começando por trás, vemos o para-lamas com suporte de placa e luzes de pisca agrupados

Estética Superior - Suporte de Placa, Para-lamas e setas

Estética Superior – Suporte de Placa, Para-lamas e setas

Tá bom, e a lanterna?? Ela fica na lateral

Lanternas e alças embutidas

Lanternas e alças embutidas

Olhando o chassi da moto, vê-se também que ele é uma obra de arte, é um berço traseiro em alumínio fazendo suporte traseiro para o motor e suportando a balança monobraço, e ainda se acopla com a suporte superior para o motor e a parte frontal da moto. Esse suporte é uma viga lateral em aço cromo-molibdênio travada em forma de treliças triangulares para dar resistência e rigidez.

Berço e treliça

Berço e treliça

Seguindo a moda atual de escapes laterais, baixos e centrais, não poderia ser diferente.

Rodas em Alumínio Forjado e escape

Rodas em Alumínio Forjado e escape

Vamos vê-la agora de frente? A questão estética é realmente única, um projeto bem resolvido e harmonioso, nada aparentemente fora de lugar

Observem o protetor de mão, com setas e lâmpadas diurnas embutidas

Observem o protetor de mão, com setas e lâmpadas diurnas embutidas

O espelho retrovisor, está montado na ponta do guidão, mas particularmente não gosto da solução, pois a moto fica muito larga para o uso, e diga-se de passagem, ela já tem um guidão bem largo.

O para-lamas dianteiro, segue o projeto aerodinâmico da moto, dividindo o ar em duas partes, uma para o radiador de água e outro abaixo para o de óleo.

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Por essa foto, observa-se que o cáster da moto é bem adiantado, como sugere motos trail

Observando as duas laterais da moto, observa-se ser um defletor de ar, provavelmente para retirada do calor para os lados.

Como toda italiana que se preza e não sendo versões especiais de baixa tiragem e alto custo, as suspensões são Marzochi, com freios Brembo em montagem radial e grandes discos flutuantes.

Observem que ainda não tem ABS. A Bosch só poderá entregar a partir de 2014 a versão adotada

Observem que ainda não tem ABS. A Bosch só poderá entregar a partir de 2014 a versão adotada

A suspensão traseira adota como amortecedor e mola, o conjunto da Sachs

Amortecedor Sachs

Amortecedor Sachs

E quanto ao motor? Sim, um 3 cilindros, em que dois sobem juntos e um depois, afinal se fosse um legítimo screamer 4 cilindros, seria 2 centrais subindo e os dois laterais descendo, como um dos laterais foi “perdido” os dois centrais continuam subindo e apenas um dos laterais descem. A unidade produz 125 cv e quase 90 Nm de torque, para empurrar pouco mais de 180 kg em ordem de marcha. Na verdade essa moto ainda pesa 165 kg, mais 2 kg do MVICS(Motor & Vehicle Integrated Control System) e outros 2 kg virão com a nova versão de ABS de 8ª geração. Soma-se mais uns 12kg dos 17 lts do tanque e……

Motor 3 Cilindros 800 cc 125 cv

Motor 3 Cilindros 800 cc 125 cv

Agora, vamos ao uso real da moto, feita pela revista Testmotor. (A tradução e adaptação foi para melhor entendimento).

“O acabamento é excelente e tudo parece forte. O design liso decepcionou um pouco, por um par de pontas soltas típicas aqui e ali. Por exemplo, a maneira descuidada de fixação de cabos para o quadro vermelho brilhante com uso de tie-raps baratos, me parece muito desajeitado em uma moto, tão estilizada.

Os clientes podem, opcionalmente, substituir os espelhos bar-end (fixados na ponta do guidão) de ações com espelhos comuns, e com certeza gostarão de comprar um conjunto de espelhos comuns ao comprar a nova Rivale, pelo modelo original oferecer uma visão muito ruim para trás.

Os indicadores de direção (setas) e as luzes de circulação diurnas são montadas nas guardas de mão que é uma grande idéia na teoria. A prática aqui é falha. Durante nosso teste, houve condensação de água nas lentes, e as luzes estavam muito fraca, o que faz com que os sinais quase invisíveis durante o dia.

Nosso passeio de teste ocorreu aos arredores de Nice na França, onde há uma abundância de montanhas com estradas com passagens apertadas bem como vias rápidas. Em primeiro lugar a nossa atenção centrou-se no comando do acelerador do motor 800 para ver se houve melhora com relação aos modelos anteriores, e que  melhorou a resposta questionável e hesitante de seus antecessores 675 e 800.

A MV Agusta já atualizou os mapas de injeção nas motos anteriores e há uma melhoria definitiva sobre este novo modelo. No entanto, a maneira como o motor reage à entrada inicial do acelerador ainda está um pouco direta demais. Uma vez com a moto em movimento, ele fica melhor ainda com os corpos de aceleração Mikuni comportarem bem sob regime parcial do acelerador.

Andando, a MV Agusta apresenta a nova Rivale 800 com EAS, que significa Eletronic Assisted Shifter, mais conhecido simplesmente como uma quickshifter. O EAS funciona maravilhosamente bem com o acelerador totalmente aberto e troca é muito precisa e rápida e lhe dá uma sensação de capacidade muito grande.

Parece até ser um pouco estranho voltar a ter que usar a embreagem, mas as mudanças de marcha são muito suaves. É difícil encontrar o ponto neutro quando você está parado  e infelizmente é muito fácil de encontrá-lo quando você está tentando mudar entre a primeira para a segunda marcha.

Montado sobre a Rivale 800 vê-se que não é para todos. Essa exclusividade não é causada por um alto preço, mas sim por uma arisca frente. A moto se inclina demais na frente e infelizmente não oferece muito rapidez no retorno em cada troca de direção. Como consequência ao andar rápido com ela só é realmente gratificante quando você pode ver claramente através das curvas e você pode ficar dosando o acelerador.

Em curvas cegas – quando você aplica a potencia de forma  mais conservadora e mantém a frente aguardando você ter visão para voltar a acelerar. Esta não é uma moto para “curvas alpinas fechadas com asfalto com os cantos quebrados.

Em estradas abertas e fluidas o comportamento da Rivale é mais adequado. As altas velocidades vão atender às relações de marchas altas muito melhor, enquanto que grampos(cotovelos) são um caso ruins para você escolher entre uma primeira marcha gritando e uma segunda marcha se arrastando.

Quando você é capaz de manter o motor na melhor condição – leia-se 6000 rotações ou mais – então você será  surpreendido  de como o uivo do triplo é fantástico e de como sobe de giros até o topo. Isso é onde o motor se destaca, especialmente em combinação com o quickshifter.

Como é o caso de novas motocicletas de alto nível nos dias de hoje, o modelo 2014 da MV Agusta Rivale 800 também oferece várias ajudas eletrônicas. O sistema de controle de tração ajustável em oito ajustes funciona bem, nós o utilizamos no modo “4” como isso funcionou bem e discretamente nos mapas de aceleração normal e esporte. Não utilizamos o modo chuva.

Além das três configurações de mapeamento de  combustível, você também pode fazer os seus próprios mapeamentos. Isso não é fácil, porém, como você tem que usar vários parâmetros e configurações extras para customizar os parâmetros disponíveis para ajustes, como o freio motor, limitador de giros do motor e até o de velocidade máxima.

O pequeno painel é completo, mas é de difícil leitura e a operação de qualquer das informações disponíveis ao pilotar é complicada por ser muito pequeno . O painel também é montado muito baixo, o que torna o ajuste das configurações de controle de tração ou mapeamentos do motor um tanto perigoso, quando em movimento.

Apesar de todos esses aparelhos eletrônicos MV Agusta Rivale ainda não oferece um sistema de ABS (de acordo com Giovanni Castiglioni, isso vai mudar no início de 2014, quando Bosch será capaz de fornecer as unidade de ABS suficientes para o mercado). Mas mesmo sem os freios ABS são muito capazes.

Uma bomba Nissin funciona muito bem em combinação com as pinças radiais Brembo, e a única coisa que precisa melhorar é o exagerado afundamento da frente em frenagens mais fortes. Fomos capazes de melhorá-la parcialmente, ajustando as configurações do garfo, mas a velocidade de retorno da frente em combinação com posição de pilotar e o tanque agressivo torna a moto um pouco de ‘tudo ou nada’ em seu uso.

A versão 2014 MV Agusta Rivale 800 não é amigável para  todos. A impressão é que moto parece que pode devorar uma estrada de canyon fina e apertado, mas a reação do acelerador um pouco hesitante e frente radical provavelmente vai matar o seu apetite muito rapidamente.

Só quando as estradas se abrem e as velocidades sobem e colocam o motor triplo na zona em que ele é melhor é que as sensações melhoram drasticamente. A Rivale tem muita potência – muito bem controlado por um bom sistema de controle de tração – e uma “trilha sonora” fantástica que torna-se um pouco pior que o esperado por pequenas deficiências da moto.

A Rivale no final é uma típica MV Agusta. Parece incrível e é muito desejável. A postura agressiva exige um estilo de pilotagem única e  torna-se um produto exclusivo que nunca vai vender em grandes números … o que provavelmente irá atender o Tifosi desta marca perfeitamente bem.”

Como ainda não andei na moto, as impressões que tive são apenas de olhar. A música do vídeo acima é de Charli XCX e se chama I love it. Bom divertimento

E por falar em olhar, vamos para a galeria de fotos.

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